Podemos rezar por pessoas que muitas vezes gostamos menos por motivos que achamos que estamos sendo perseguidos? Sim e devemos, conforme Mt 5,44 “…amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem”.

Normalmente nos lembramos de rezar pelas pessoas da nossa convivência fraterna que pode ser da família, do circulo de amizade, da comunidade, das que trabalham conosco e também quando somos solicitados para colocá-las nas nossas orações pessoais. Isto se torna fácil humanamente praticando, mas diante de Deus que recompensa teremos? De fato, Deus nos alerta que atitudes como esta até os publicanos (pecadores) realizavam (Mt 5,46).

Então, como rezar pelas pessoas que temos menos afinidade por conta de contendas adquiridas ao longo da convivência? A seguir estão elencados três passos que nos ajudam aproximar de nossos irmãos que, atualmente, se encontram distantes e que muitas vezes cultivamos certo ódio no coração.

O primeiro, ter atitude corajosa de querer perdoar a pessoa que lhe feriu de alguma forma mesmo que isto lhe seja muito difícil. O perdão pode ser pedido a distancia mesmo que a pessoa, considerada inimiga, não saiba do que está acontecendo, pois é a intenção diante de Deus que predomina.

O segundo, deixarmos da condição de vitima da inimizade. É uma atitude cristã tomar a iniciativa e passar a pensar o que aquela pessoa tem de bom e entregar no coração de Deus a situação que ocorreu sem procurar culpado. Aqui não se trata de “dar ordem” a Deus. Traga a lembrança o fato ocorrido que na maioria das vezes é dolorido, mas é o momento que o Senhor acolhe aqueles que se humilham diante das situações e que posteriormente serão exaltados.

Em local adequado e com a devida discrição levante os braços em posição de benção de Deus deixando fluir em direção à pessoa considerada inimiga e, não se importando com a distância física. Para Deus não há distância e anteparos que impedem a benção chegar ao destino desejado por um coração puro.

O terceiro, realizar um abraço cruzado no peito abraçando a criança interior que temos dentro de nós. Assim como o Cristo abraçou a cruz eu abraço em mim a criança que muitas vezes guarda as feridas do abandono, da discriminação, da indiferença dos pais, do desprezo dos amigos, da ridicularização na escola, do constrangimento, da rejeição e da violência física e moral.

Finalmente, como sei que perdoei a pessoa que me feriu? Quando perceber no seu coração, que ao lembrar-se do fato ocorrido, não mais sentirá rancor ou ódio da pessoa considerada inimiga, mesmo que não cultivem amizade próxima.

Moacyr Doretto, é Diácono permanente na Arquidiocese de Londrina e Diretor Espiritual da Comunidade Missão Filhos de Maria