“Fiz calar e sossegar a minha alma; ela está em grande paz dentro de mim, tal como a criança bem tranquila, amamentada no regaço acolhedor de sua mãe”( Sl 130,2)
O barulho é uma verdade muito incômoda que precisamos lidar todos os dias na nossa vida. Estamos cercados de barulhos, vozes, gritos, falas, discursos, brigas, perturbações, agitações e inquietações.
O barulho que se faz no mundo exterior se transfere para dentro de nós, e o barulho do nosso interior nos leva a exclamar, gritar e brigar com o mundo que nos cerca. Estamos dominados pelas insatisfações do coração. A alma geme em busca de consolo. A mente se perturba em busca de respostas. A vontade se agita em busca de satisfazer o ego, e as emoções se aglomeram em descompassos por não encontrar espaços para saciar sua necessidades.†
O seu interior faz muito barulho?
Não há cura para os nossos males se não encontrarmos a via do silêncio e da purificação dos sentidos. Precisamos mergulhar nossa alma na candura vibrante do silêncio interior, calar as vozes agitadas que perturbam nosso ser a cada instante. É um trabalho para vencer a ansiedade dos sentidos que vive em busca de satisfações para suas necessidades. É um sobressalto para a serenidade e o equilíbrio interior, tão necessário para colocar ordem na casa, no coração, nas emoções e vencer os devaneios da mente.
A busca pelo silêncio deve ser uma atitude brutal e audaciosa. Ela é a violência evangélica exaltada por Jesus. Sem ela não atingimos nossa verdade interior nem conquistamos a sensatez de viver. O coração impulsivo bate para todos os lados e não encontra satisfação em nada. A busca do silêncio é início do processo de lapidação da mente e purificação do coração. Eu não irei me conhecer como preciso ser conhecido nem mudarei atitudes e comportamentos inadequados sem penetrar nas verdades incômodas que se escondem nas penumbras do meu ser, sufocadas pelas soberbas e vaidades da vida.
Aprenda a ouvir o silêncio do seu coração
O silêncio incomoda, perturba e causa profundas estranhezas em nós e nos outros. A verdade, no entanto, é que nos tornamos estranhos a nós mesmos à medida que não nos conhecemos nem buscamos a sobriedade dos sentidos.
A paz interior e a paz nas relações humanas e sociais só se torna realidade para aqueles que mergulham o coração no profundo silêncio da alma. Do contrário, continuaremos promovendo guerras, embates, disputas, conflitos, acusações, polarizações e perturbações. E dentro de nós irar se alargar a guerra dos sentidos, a implosão dos afetos e o inchaço do orgulho insaciável.
Temos sede urgente de muito silêncio!
Este artigo foi originalmente publicado em Canção Nova, acesso em 05/07/22.
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