De acordo com o portal ACI (30/03/2021), o Papa Francisco recebeu nesta segunda-feira, 29 de março, no Vaticano, a Comunidade do Pontifício Colégio Mexicano e disse-lhes que “o mundanismo pastoral, ou seja, o modo de viver espiritualmente mundano de um sacerdote, de um religioso, de uma religiosa, um leigo, uma leiga, o mundanismo espiritual é o pior dos males que podem acontecer à Igreja”.

“Por favor, cuidem-se do mundanismo. É a porta da corrupção”, rogou o Santo Padre aos sacerdotes.

O Pontífice afirmou que “os problemas atuais”, em meio à pandemia do coronavírus, “exigem de nós, sacerdotes, que nos configuremos com o Senhor e com o olhar de amor com que Ele nos contempla”.

Deste modo, “ao conformar o nosso olhar com o seu, o nosso se transforma em olhar de ternura, reconciliação e fraternidade”.

Olhar de ternura

O Santo Padre assinalou que “primeiro, devemos ter o olhar de ternura com que nosso Deus Pai vê os problemas que afligem a sociedade: violência, desigualdades sociais e econômicas, polarização, corrupção e falta de esperança, especialmente entre os jovens”.

Destacou que “a Virgem Maria é um exemplo para nós, que com ternura de mãe reflete o amor íntimo de Deus que acolhe a todos, sem distinções”.

“Somente deixando-nos moldar por Ele se intensifica a nossa caridade pastoral, onde ninguém é excluído de nossa solicitude e oração. Além disso, evita que possamos nos recluir em casa, ou no escritório, ou em hobbies, e nos incentiva a sair ao encontro das pessoas, a não ficar quietos. A não nos clericalizar. Não se esqueçam de que o clericalismo é uma perversão”.

Olhar de reconciliação

Em segundo lugar, “também é preciso ter um olhar de reconciliação. As dificuldades sociais que estamos atravessando, as enormes diferenças e a corrupção exigem de nós um olhar que nos torne capazes de tecer juntos os vários fios que se fragilizaram ou foram cortados na tilma (espécie de manto tradicional usado por homens no México) multicolorida de culturas que compõem o tecido social e religioso da nação, prestando atenção, sobretudo, àqueles que foram descartados por causa de suas raízes indígenas ou de sua particular religiosidade popular”.

“Os pastores somos chamados a ajudar a reconstruir relações respeitosas e construtivas entre pessoas, grupos humanos e culturas dentro da sociedade, propondo a todos ‘deixar-se reconciliar por Deus’ e comprometer-se com o restabelecimento da justiça”.

Olhar de irmandade

Por último, “o nosso tempo atual nos impele a ter uma visão de fraternidade. Os desafios que enfrentamos são de tal magnitude que abrangem o tecido social e a realidade globalizada interconectada pelas redes sociais e os meios de comunicação”.

Por isso, “junto com Cristo, Servo e Pastor, devemos ser capazes de ter uma visão de conjunto e unidade, que nos impulsiona a criar fraternidade, que nos permita evidenciar os pontos de conexão e interação no coração das culturas e na comunidade eclesial”.

“Um olhar”, continuou o Pontífice, “que facilite a comunhão e a participação fraterna, que anime e oriente os fiéis a respeitarem a nossa Casa comum e serem construtores de um mundo novo, em colaboração com todos os homens e mulheres de boa vontade”.

O Papa Francisco concluiu a sua intervenção pedindo aos sacerdotes que, “levando em consideração a necessidade de não desviar o nosso olhar de Cristo, o Servo sofredor, peço-lhes encarecidamente que não deixem de aprofundar nas raízes da fé que receberam em suas diferentes Igrejas particulares, e que provêm de um rico processo de enculturação do Evangelho, do qual é modelo Nossa Senhora de Guadalupe, cuja imagem veneram na capela do colégio”.

“Ela nos lembra do amor de predileção de seu Filho Jesus, tornando-nos participantes de seu sacerdócio. Por isso dirijam-se com confiança a La Morenita, Mãe de Deus e nossa Mãe, e peçam-lhe tudo o que necessitem, sabendo que ela nos tem sob a sua sombra e abrigo”, concluiu o Santo Padre.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-mundanismo-e-o-pior-mal-da-igreja-56144